Quanta fruta!

Deus não tem o costume de sentar ao meu lado e me dizer o que fazer. E se eu disser que ele apareceu do meu lado e me disse o que fazer, acredite, eu estaria mentindo. Eu não faço idéia do que é certo do que é errado, tudo que eu penso em fazer é agarrar sua mão e te levar por esse caminho. Será que é a escolha certa? Tanto faz, adimito, não é algo que me tire o sono. Eu sei onde eu to indo, e aprendi que não sou tão durona quanto pareço. Ou nunca fui, sei lá.

Ela sentou em sua cadeira azul confortável, tirou um envelope grosso do bolso e respirou fundo. A mesa estava em sua frente, aguardando silenciosamente. Antes de realizar qualquer coisa, olhou para mim em busca de inspiração, confirmação, confiança. E tudo que pude fazer foi voltar para o meu próprio corpo. O envolope em minha mão se desmanchou e as peças esparramaram-se na mesa. Peças de quê, minha cara?! Eu estouficando louca? Eu sei o caminho de volta, se acalma minha dama, respire que mais tarde mais desespero lhe acompanhará. Ah, então era isso, tão simples que nem valia à pena. As peças se encaixavam sozinhas, revelando as besteiras que até agora eu havia feito.

Quanta loucura! A televisão não dizia que as pessoas ficavam assim! Como foi que eu havia feito antes?! Relaxe, respire, olhe o caminho logo ali. Mas eu não quero voltar, se eu for, você não vai se sentir sozinho?!

Meu Deus, acho que estou falando sozinha. Tem alguém ai dentro em busca de salvação?! Um aviso seria legal, quem sabe uma corda não te traga a superfície? Criança masoquista, recusa a corda e se afunda sem medo. Grito-lhe tantas vezes, e não obtenho respostas, as pessoas por ali começam a me encarar, até penso em pedir ajuda, mas parece que só eu o enxergo. Acho que estou tendo uma overdose de pensamentos, o céu não me parece tão azul quanto ontem. Eu tenho as respostas?



Deixa quieto, vou dormir, as vozes, se precisarem, que me procurem.