- Aperta seus olhos assim, - ele demonstrava para ninguém em particular. - Ai quando você começar a pensar que tá vendo alguma coisa, você vai saber que ela tá vindo. Ela vive contornando essas ondas como os outros contornam seus problemas, ela sussurra coisas que eu nunca vou entender, mas sempre que pode vem me ver. Nunca me diz nada sobre o que aconteceu em alto mar, mas sempre carrega aquele sorriso triste. Diz que meu cais trás muitas possibilidades pra longe de mim e que isso faz com ela se torne distante. - Os vultos contornavam ele, embarcavam e desembarcavam por ali, a chuva sempre presente, como quem nada quer, mas sempre presente. Lembrando-nos que a qualquer momento poderia se tornar uma tempestada.
E ali, no meio das gotas que caiam, andando pelo oceano a imagem dela começou a aparecer, com aquele mesmo sorriso triste que recusava deixar seus lábios, mas ela estava satisfeita, ele conseguia sentir isso perfeitamente, ecoando pelas rochas e algas submersas. Algo realmente bom tinha acontecido, e o eco chegou aos seus próprios lábios.
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