A boa esposa

não ousa chorar pelos cantos a infidelidade do marido, mau sabe ele que, no fundo de sua consciência, o perdoa. Sua mente vaga, límpida, o que a aborrece logo se esvai, o perdão é algo certo, talvez único, só cabe a ela essa dádiva. Suspira por mais um dia na penumbra, é perfeita em todos os aspectos, não espera a gratidão das pessoas por seus atos, não espera ser compreendida, ser recompensada por suas vastas horas de esforço, suspira, acorda cedo, prepara o café e cuida da família. Os padrões da vida acabam por arrastá-la, é tudo tão simples que já não importa. Ela não se arrepende de seus atos, sabe que nem Deus é um ser como ela.

Até outro

dia costumava olhar para os passarinhos e sentir raiva, como alguém que voa tem a coragem de voltar para um ninho? Ainda que esse ninho esteja repleto de filhotes mortos de fome esperando a volta da mãe, não interessa, ele voa, por todo o céu e volta. Sem mais nem menos ele volta, como se não pudesse desobedecer a lei da vida. Imagino, se por um acaso da evolução, os passarinhos fossem homens e os homens passarinhos, ao desfrutar da sensação real de liberdade, de poder voar por todos os lados, o céu que sempre desejou, qual homem voltaria ao seu ninho? Os filhos morreriam de fome, até o amor não se compararia a sensação de liberdade. O céu, as figuras passageiras, suas únicas companhias que realmente chegariam um dia a valer a pena. O egoísmo é algo único do ser humano, mas será, que se os outros bichos pensassem, eles voltariam para seus ninhos?

Aposto que é isso que quase todos os adolescentes buscam na tentativa de fugir de casa, mas sem as asas, sem a real liberdade, qualquer um é forçado à voltar para o ninho, é o lugar de conforto de todos os seres vivo. Será que eu voltaria para o ninho?





"There were times apart, there were times together
I was pledged to her for worse or better
When it mattered most I let her down
That’s the way it goes, it’ll all work out

It’ll all work out eventually
Better off with him than here with me"

It'll all work out - Tom Petty

"O meu amor,

tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita."

-Chico Buarque

http://www.youtube.com/watch?v=QEebEm6fEAE&feature=related

- É, eu sei,

eu sou impossível de esquecer, mas difícil de lembrar.


- Bem-vindos a reunião anual das pessoas que se reúnem anualmente! E a gente se ve de novo ano que vem!

- Eu sei, posso estar fazendo papel de boba, mas eu vou falar: eeeu! Gosto de você! [...] Que foi?


"Tudo acontece em Elizabethtown"

"É, você que é feito de azul,

Me deixa morar nesse azul,
Me deixa encontrar minha paz,
Você que é bonito demais,
Se ao menos pudesse saber
Que eu sempre fui só de você,
Você sempre foi só de mim."

Elis Regina

oi céu,

acho que já faz algum tempo que não nos comunicamos, poderia me dizer se vai chover essa noite? não que o calor me incomode, mas preciso de um sossego. se suas previsões estiverem corretas será que os trovões cessarão? acho que cansei de esperar, as suas respostas são doces, mas a paciência anda curta, me perdoa de novo? sei que isso têm acontecido com frequencia, mas o tempo todo me obrigam a decidir sobre coisas distantes. acho que não sei o que fazer, posso me agarrar feito uma criança ao doce escolhido? então, por favor, me deixa ver ele, prometo que paro de reclamar.

tudo, incrivelmente,

valeu a pena.

"Cloudless every day you fall upon my waking eyes
Iniviting and inciting me to rise
And through the window in the wall comes streaming in on sunlight wings
A million bright ambassadors of morning
And no one sings me lullabies
And no one makes me close my eyes
So I throw the windows wide
And call to you across the sky"

eu detesto essa casa, não só as pessoas, mas ela inteirinha, cada pedacinho, que me faz ter vontade de chorar a cada segundo, e fico sufocada sem saber o que fazer, posso me afundar?

Fellipe

José da Silva, sinto sua falta.

Escrevi abobrinha,

agora pouco importa. Poxa, como eu sou bobinha. Como faço besteira, poxa, eu te amo. Isso basta, parei de ser idiota e infantil.

"Quem inventou o amor?

Me explica por favor. Vem e me diz o que aconteceu, faz de conta que passou. Quem inventou o amor? Me explica por favor. Daqui vejo seu descanso, perto do seu travesseiro. Depois quero ver se acerto dos dois quem acorda primeiro.

Enquanto a vida vai e vem, você procura achar alguém, que um dia possa lhe dizer, quero ficar só com você."

Os sonhos, os desejos, os medos e alegrias, abediquei de todos para um pedaço de sua felicidade. Mesmo ainda estando ciente, de que tudo foi em vão. Não foi suficiente, não foi suficiente, e continuava a repetir, e os sonhos bizarros, cheios de desejos da inconsciência, me faziam crer cada vez mais que não só meus atos eram inúteis. Eu inteira era insuficiente. Querido desistente, querido querido. É nesse momento que você não percebe, é nesse momento que você me perde.

Sabe Deus,

eu até acredito em Você. Assim como creio em todas as suas outras criações, mas não denomino de crente aqueles que não possuem a adoração para pertencer ao céu. Entretanto, ainda sou humana, e como tal sinto o imenso vazio, o qual nos obrigou a ter, como dívida por viver. Ele se expressa em diversas maneiras, e quando percebo, sou só mais uns dos seus adoradores, que, sem nada para se segurar, agarra a sua divindade e grita por piedade.

Tenho percebido que não é assim que se joga o jogo, e desde o começo soube que eu era uma má perdedora. Ainda assim insisto em ouvir a inconsciência chamada abismo, vazio, o que for, que Você criou. Mas não pense que O odeio. Meu ódio por Ti é assim como o ódio pela minha irmã, meus pais, meu irmão, e por ai vai. É passageiro.

Pensei em terminar o texto com Amém, mesmo sabendo que o nada levou a lugar algum. Boa noite Deus, agradeço pelo calor infernal que faz em Ribeirão Preto.

A felicidade

só é verdadeira quando compartilhada.

Tenho orgulho de compartilhá-la até com as pessoas erradas.