"Quanto mais eu sei, quanto mais eu vejo, menos consigo me iludir...
Aquele amor, aquele olhar que eu tinha em mim, não tenho mais...
Buscar sem fim, correr atrás, qualquer questão não quero mais!
Sem você, o que fazer, no que acreditar?
Se o que é real só vai existir se você ainda estiver lá..."
o caminho para el dorada.


Quando olho pra trás, bem lá atrás, quando as coisas ainda nem faziam sentido, e observo esses passos, percebo o quanto decaí e o quanto cresci. Tudo que importou e deixou de importar, tudo que foi esquecido e volta pra me assombrar. Não vou fugir, quero ficar mais uns segundos nesse planeta.

Tem tanta coisa que se perde nessa distância entre eu e você, que me sinto insegura, que me sinto frouxa.

Mas sei porque estou aqui, sei onde é meu lugar, conheço minha fé e meu motivo de mover os pés, sei que não faço seu horizonte desaparecer como antes.

Sei que perdi muitas coisas enquanto estávamos caídos.

E nem por isso eu perdi qualquer fé, nem em você nem em ninguém.

Talvez por isso me chamem de trouxa. Mas sei que ainda sirvo de qualquer coisa.

Não sei há quanto tempo te vejo como algo a ser alcançado, não sei quantas vezes me prometeram a você, Céu, mas sempre que observo seu infinito encontro meu lugarzinho ai. Me prova que a distância não é nada e que desaba em segundos e que brilha dia e noite me trazendo presentes cada vez mais lindos, com todas minhas estrelas, nuvens e chuva.

Mas quero te alcançar, quero ser da sua imensidão e paciência, outros dependem de você, assim como eu. Nunca deixa de ficar ai, me olhando com eles olhos azuis tão extensos, não sei o que é amor quando o vejo me encarando. Não entendo o que os outros chamam de beleza e nem seus objetivos quando tudo que quero são mais alguns segundos com você.

Se for assim eu vou morrer... Se for assim eu vou matar, não é?




Desculpa por não ser assim, eu também tenho pressa de muitas coisas, mas se pra você a vitória é ficar rico, disso eu não tenho tanta pressa, eu prefiro continuar com meus passos já sumidos.

Tinha tantas coisas das quais eu poderia me orgulhar, mas sempre me pego no mesmo dilema com as mesmas melâncolias, acho que nunca vou mudar. E fico esperando por alguém que não sou o tempo todo, esperando coisas e pessoas, lugares e outras vidas que não aconteceram, acho que eu espero demais e sou tachada de boba.

Eu posso me sentir:

triste, agoniada, sozinha, deprimida, melancólica, angustiada, nostálgica, perdida, longe, feliz, alegre, boba, apaixonada, decepcionada, pequena, grande, demais, terrível, horrível, eu mesma, ninguém, alienada, realista, pessimista, otimista, de todas as cores possíveis, com frio, com calor, pasma, com dores no corpo, afortunada, miserável, alérgica, cansada, com sono, paciente, impaciente, anjo azul, esquecida, bocó, encantadora, broxada, empolgada, desesperada, explosiva, indisposta e (...)


E você pode nunca saber.

Essa dor tem me perseguido por mais tempo que eu imaginava. Às vezes me pego pensando se ela é universal, se é mais uma daquelas coisas que Deus criou para que pudéssimos nos sentir vivos, mas ela apenas me incomoda, me atrapalha e atropela, me deixa pra trás e faz eu me sentir sozinha de novo. Eu nunca precisei de nada disso, sempre disse que sou uma falsa independete que precisa de todos e que no fundo era orgulhosa, eu não era assim, amor, eu não chorava na frente dos outros, mas disseram que estava tudo bem. Disseram que não era errado chorar, que iriam compreender, mas a cada lágrima percebo que não passa de uma ilusão, ninguém quer o trabalho de consolar essas lágrimas, ninguém quer se sentir culpado por elas, afinal, não há qualquer fundamento nelas. Lembro sempre da cena: será que eu o abraço ou se saio correndo pra me trancar em meu quarto?