segunda-feira, novembro 29

não sei porque veio, mas veio e me fez ficar maluca, tipo louca mesmo. e não saiu, e agora eu começo a achar que você tava certo, sobre tudo que disse.

eu não quero ficar sozinha.

não quero que me tratem mal, sendo que eu não fiz nada de errado. por que é tão difícil entender que são reações normais, e que ninguém entende, e que eu já nem sei o que dizer, quando chega o momento de dizer algo que sirva de consolo a mim mesma. fecho os olhos na cama, e os aperto tão forte, tão forte, que me faz querer não começar a dormir pra não ter que acordar. o amanhã sempre me da medo.

medo de ouvir aquelas palavras outra vez.

domingo, novembro 21

- Eu preciso desabafar, nada mais é parecido! Tudo agora parece distorcido e sem graça. Mas incrivelmente igual.

- É essa a primeira visão pra quem tem a cabeça enfiada no passado. - A fumaça brincava com seus dedos, obedecendo ao seu comando. - Você não muda o mundo enquanto não mudar essa cabeça oca. - A criança a encarava, com os olhos brilhando, tentando guardar as palavras ditas. Quanta coisa já aprendera e como ansiava por mais. Tudo naquele coraçãozinho era tão cheio de grandes emoções, tantas coisas novas, pra alguém que estava preso num corpo e que já vivera tantas outras vidas. - Mas por hoje, acho que está bom - fez uma pausa para mais uma tragada. - Ainda temos muito o que andar.

Um pé na frente do outro, nunca soube o que a impedria de cair. Talvez fosse o som dos pezinhos leves caminhando junto dela, porque agora era o mundo da criança. Aquela que encarava os céus de forma única, que nunca respirava sem sentir prazer nisso, talvez aquilo a impedisse de cair.

- Dizem que é na estrada que temos as melhores epifânias. - A criança já sabia que se tratava de mais uma história. Tantas vidas, ainda tinha tanto a aprender. - Quando estamos sozinhos e ninguém nos observa. Tudo que pensamos é mais sincero, não há julgamento para nossos lados monstruosos e isso nos deixa confortáveis. Mas isso nunca aconteceu comigo.

A lua no céu iluminava o chão em que pisavam, as estrelas infinitas descansavam no céu e impressionavam cada vez mais Adam, o cansaço era superado, a adimiração tomava conta disso. Não compreendia muito bem as palavras ditas, muitas vezes achava que a moça que o acompanhava, com aquelas mechas castanhas infinitas, soltava devaneios tentando convencer-se daquilo. Sentia, muitas vezes, o medo da mulher. Ela nem percebia e, em segredo, e se sentia inteligente.

- Todas as vezes que caminhei por estas estradas... Minha mente se esvaziou, disse o que precisava dizer e permaneci em silêncio. Este é o segredo dos viajantes, muitas vezes não é preciso dizer nada. Nem refletir e nem ter medo do julgamento, ah... Me desculpe, dizem que não faz bem às crianças que fiquem perto de quem fume, mas ultimamente está difícil controlar este hábito.

Com as mãos trêmulas puxou um cigarro do bolso e colocou na boca, logo este se acendeu, e a fumaça, apareceu junto a expressão de alívio, uma voando e dançando com seus cabelos junto ao vento e a outra brincando com o rosto tranquilo da mulher.

Ele gostava muito de observar. Tudo.

- Se quiser, posso dar um jeito na fumaça.

- Não é preciso! Não me incomodo.

Só uma criança e já estava preocupado em não preocupá-la. Um sorriso brotou em seus lábios.

- Talvez dê tempo de chegar ainda hoje.

- Você parece uma mulher de talvez.

- Aprendi muito com eles, e, talvez, você também aprenda.

Ela ficou quieta e ele contemplava o seu silêncio. E este, junto ao vento, observava os viajantes incomuns que passeavam à noite durante as estradas. Eles também não tinham respostas, eram apenas passageiros como todos os outros, passageiros que chegavam ao seus destinos. Uma vez, alguém se importou em perguntar-lhe sobre a vida, mas com humanos, tudo que dura mais que poucos segundos já é assustador.

Muitas horas se passaram, ela vez ou outra fumava, não fizeram pausas, às vezes ela tossia e ele se preocupava, às vezes soltava frases estranhas, não esperava respostas, não se dirigia a ninguém, mas falava. Foi logo que o sol começara a nascer que avistaram o destino, ainda no horizonte, mais algumas horas e chegariam.

- Eu gostava de muitas coisas...

O menino curioso tentou enxergar o que se passava pelo rosto da mulher.

- Muitas coisas que se foram, infelizmente. E que muita gente nem faz idéia.

Assim como ele, Adam pensou. O mundo lhe parecia tão normal, tão igual às outras vidas, estaria menosprezando alguma coisa? Mas tudo lhe parecia tão igual...

Os passos foram chegando ao fim.

- É, parece que é o fim.

Ela se voltou para a estrada, o menino por impulso repetiu o gesto. Fechou os olhos e atrás das palpebras podia enxergar todas as estrelas da noite, todas as pedras iluminadas pela lua, embaixo de seus pés enxergara o chão o qual pisara. Respirou fundo, reabriu os olhos e segurou Adam pela mão.

O menino, com os olhos tão claros quanto o céu agora iluminados, observou o que a moça queria lhe mostrar, observou com todo o carinho que ela tinha, e com todo carinho agora adiquirido, a viagem que fizeram. Sabia que estava agradecido, grato apenas por tudo existir, fez como a mulher fazia enquanto segurava sua mão. Orou pelo vento, pela noite e pelas estrelas que os guiaram. Agradeceu com toda sinceridade e inocência de uma criança de muitas vidas.

Clarie soltou a mão do garoto.

- Eu também já estive em muitos outros corpos garoto. E para mim, era como ainda é para você. Tudo parece igual, como se o tempo brincasse com todos que permanecem e morrem. - Começou a caminhar lentamente em direção a casa que buscavam. - Mas um dia acordei com o mundo desabando na minha porta. Depois disso foi difícil fechar os olhos novamente, dificil estar cega quando o mundo o qual precisamos está, simplesmente, desmoronando.

Adam queria muito encarar os olhos de Clarie nesse momento.

- Talvez alguém o acorde algum dia.

Não sabia se deveria responder, nem o que dizer para tentar confortar a moça que lhe parecia tão louca e tão sã.

- Não precisa ter pressa, você é como eu, tem milênios pela frente, muita coisa ainda vai mudar, especialmente daqui pra frente. - Pararam em frente a casa, onde ela batera gentilmente na porta. - Por enquanto, eu preciso fazer outras coisas.

- Mas você virá me ver? - Sentia que era necessário vê-la de novo. Não entendia, mas sentia. Clarie estava sozinha há muito tempo, talvez há tanto tempo quanto ele, mas agora era só uma criança. E havia encontrado nela esperanças incríveis e medos terríves. Incluse o de não vê-la.

- Se o talvez deixar, me apresso e venho ver como você está.

Ela deu um sorriso triste e se agachou para ficar da mesma altura do menino. Passou a mão em seus cabelos e o olhou nos olhos. Ainda podia ver os vestígios da noite estrelada vagando por ali.

- Bem vindo a sua casa, desculpa tê-lo roubado por alguns dias.

- Fui eu que lhe procurei. - E nos olhos dela, podia ver refletido a esperança por achar mais alguém parecido, podia ver o sofrimento e o prazer. - Vou sentir falta de várias coisas dessa viagem.

- Você é só uma criança. - Sorriu novamente pondo-se de pé. - Até breve, talvez.

Ele a viu desaparecer no horizonte, ouviu a porta da casa se abrir e sentiu o cheiro daquilo que se chamava lar, lembrou-se também de que andara a noite inteira, de que não comia há algum tempo e de que sua bexiga começava a lhe incomodar, bobeiras das quais nos esquecemos quando passamos muito tempo longe da humanidade. Logo sentiu saudades da figura dela. Mas entrou pra dentro de sua casa.

Ela sabia que desta vez, voltaria a cair.

terça-feira, novembro 16

se eu fechar os olhos e enxergar as estrelas, então tudo bem. eu sinto você aqui do lado, eu sorrio sempre que posso pra tentar te ver sorrir também.

tá tudo bem, mesmo aqui dentro.

domingo, novembro 14

tenho passado muito tempo observando o chão do meu quarto, mais do que eu deveria. tem alguma coisa acontecendo ai dentro? porque aqui do lado de fora eu to quase berrando, o que é que tá mudando? por que eu não entendo?

quinta-feira, novembro 11

simples como eu gosto de você, mesmo com a cabeça tão cheia e tão perdida por nada ~

terça-feira, novembro 9

vou precisar de umas trezentas horas de sono, sem que nada me aflija para repor as que eu perdi ontem.

lavaram a blusa dele ~


e agora?

quarta-feira, novembro 3

Se tanto faz, tudo bem
Não dói mais te ver de costas
Indo e vindo quando quer
Eu sei o que sou e como agir
Então pra quê? Se era mentira
Se não era a verdade, porque não parou?
Sou boa nisso também!
Você sabe como minto bem
Se sente falta então porque não age
Me diz a importância
Me diz como agir
Que eu não ligo mais



~ ficou velho já